O Plano Cruzado foi um plano de estabilização econômica ocorrida durante o governo de José Sarney (1985 - 1990) com o controle da inflação como objetivo principal. Aconteceu em duas versões: o Plano Cruzado I e o Plano Cruzado II.
As principais medidas do primeiro Plano Cruzado foram colocadas em prática pelo decretos-leis n.º 2.283 e n.º 2.284, o primeiro de 28 de fevereiro de 1986 e o segundo de 10 de março de 1986.
Ficou assim conhecido quando trocou a moeda brasileira do cruzeiro para o cruzado, cortando três zeros da moeda antiga. Além desta medida, o Plano Cruzado ficou marcado pelo congelamento de preços e salários na economia.
Apesar de controlar a inflação, as primeiras medidas do Plano Cruzado elevaram a demanda de forma que houvesse escassez de produtos para o consumo.
O segundo Plano Cruzado é lançado em novembro do mesmo ano como um conjunto de medidas para estimular a poupança e reajustar os preços. A inflação não é controlada, voltando a aumentar de forma acentuada no ano seguinte.
Além dos Planos Cruzado, fizeram parte do governo Sarney os Planos Bresser (1987) e Verão (1989).
Como aconteceu o Plano Cruzado
No contexto histórico, a alta inflação fez parte do cenário brasileiro principalmente após décadas de grande impulso econômico alimentados pelo investimento público.
O governo de José Sarney inicia-se após o término do governo militar, em um cenário onde os índices de preços cresciam habitualmente acima dos 10% ao mês. A inflação entrava em um processo inercial, quando cresce à custa da inflação passada.
Mesmo com o crescimento econômico presente (5,4% em 1984 e 7,8% em 1985), a inflação causava um sentimento desfavorável já que desgastava o poder de compra da população.
O Plano Cruzado é anunciado em 28 de fevereiro de 1986 como um conjunto de medidas de combate à inflação em que a meta era atingir a "inflação zero".
Este plano de estabilização é feito em conjunto com um grupo de economistas, como João Sayad, Pérsio Arida, Edmar Bacha e André Lara Resende e pelo ministro da Fazenda da época Dilson Funaro.
Ainda no congelamento de preços, o próprio povo foi reconhecido para fiscalizar os preços praticados. Essas pessoas ficaram conhecidas como "fiscais do Sarney".
Medidas adotadas
As principais medidas do Plano Cruzado de fevereiro de 1986 tinha como objetivo neutralizar o processo inercial da inflação. Isto acontecia devido à indexação, onde os preços eram atualizados com base na inflação passada.
A expectativa com o plano era o de terminar com a indexação da economia, por isso uma das medidas adotadas foi o congelamento de preços. Conheça as principais medidas abaixo:
- Reforma monetária estabelecendo a troca de moeda à razão de mil cruzeiros para cada cruzado.
- Atualização de regras em obrigações contratuais com ou sem indexação. Manteve-se a correção monetária para a poupança, FGTS e PIS/PASEP.
- Congelamento de preços com avaliação pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC).
- Criação do "gatilho salarial", um reajuste salarial sempre que o índice IPC passasse de 20%.
- Criação do seguro-desemprego.
- Fixação da taxa de câmbio em 13,80 cruzados por dólar.
O congelamento de preços incluía um tabelamento oficial a ser seguido e que poderiam ser suspensos a qualquer momento pelo Poder Executivo.
Como foi visto pela equipe econômica, as medidas levaram principalmente à escassez de produtos e um excesso generalizado de demanda na economia.
Por conta disso, em novembro de 1986 logo após as eleições deste mês, o Plano Cruzado II foi implantado com objetivos de contrair o consumo.
Entre as medidas deste segundo plano estavam o estímulo à poupança e à exportação, e de redução do Estado na economia.
Resultados do Plano Cruzado
De início, o Plano Cruzado conseguiu reduzir a inflação como prometido, sendo que durante aquele ano ficou majoritariamente pouco acima do 1% pelos dados do IPC.
Houve aumento significativo do salário real, levando ao aumento de consumo enquanto o congelamento implicava em menos produtos nos mercados.
O desabastecimento levou a que houvesse a existência de ágio no preço de alguns bens e ainda à procura de consumidores em mercados paralelos.
Antes do segundo Plano Cruzado, o governo estabeleceu medidas para diminuir o consumo, canalizando a poupança para o investimento em capacidade produtiva.
Foram lançadas medidas que criavam o Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND) através do chamado Plano de Metas, que não deram resultado.
Já no Plano Cruzado II, foram aumentados impostos indiretos de forma a cobrir uma maior parte do déficit público.
Porém, com a liberalização da economia e sem políticas de reduzissem os gastos públicos, a inflação volta à sua trajetória de subida no próximo ano.
Em 20 de fevereiro de 1987 o presidente Sarney anuncia a moratória da dívida externa, quando ela deixa de ser paga com os seus respectivos juros. A justificativa principal era a reduzida disponibilidade de reservas cambiais.
Segue a saída do ministro da Fazenda Dilson Funaro em abril deste ano, para a entrada de Luiz Carlos Bresser-Pereira. Com ele um novo plano econômico é feito, ficando conhecido como Plano Bresser
O cruzado é trocado pelo cruzado novo em janeiro de 1989, com o Plano Verão, cortando três zeros da moeda antiga.