O Plano Bresser foi um plano econômico lançado durante o governo José Sarney (1985 -1990) com o objetivo de controlar a alta inflação da época. Ficou conhecido assim por ter sido comandado pelo ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira.
Este plano de estabilização acontece após o Plano Cruzado fracassar no controle da alta de preços.
Entrou em vigor no dia 12 de junho de 1987 com o lançamento dos Decretos-Leis 2335/87, 2336/87 e 2337/87.
Como aconteceu o Plano Bresser
O Plano Bresser veio após o Plano Cruzado, que recebeu este nome quando alternou o Cruzeiro para o Cruzado para moeda nacional na época. O Cruzado foi o primeiro dos planos econômicos feitos na tentativa de travar a inflação e foi realizado em duas versões.
No contexto histórico, o Brasil havia passado décadas antes por uma série de investimentos públicos para se criar um estado desenvolvimentista, principalmente nos governos militares. Isso levou a uma inflação alta e inercial, quando a economia cresce à custa de altas inflações.
O Plano Cruzado foi marcado pelo congelamento de preços e pelo reajuste dos salários sempre que a inflação passava dos 20% ao mês, conhecido como "gatilho salarial". O objetivo era aumentar o poder aquisitivo da população visando um aumento do salário real.
Nesta mesma época o Brasil declarou moratória de sua dívida externa, quando ela deixa de ser paga com os seus respectivos juros. A justificativa principal era a reduzida disponibilidade de reservas cambiais.
O fracasso do Plano Cruzado veio com o excesso de demanda que deixou as prateleiras vazias e uma consequente crise econômica, além de a inflação voltar aos dois dígitos.
Com isso, o Plano Bresser surge alguns meses após a posse do ministro da Fazenda que dá nome ao plano econômico.
Desta vez, além de tentar conter a inflação seria preciso evitar a recessão, reequilibrando o balanço de pagamentos e diminuir o déficit público.
Objetivos do Plano Bresser
Através de decretos federais, o governo adotou medidas em parte considerada heterodoxa e outra parte ortodoxa. Algumas delas foram:
- congelamento de preços e salários por um prazo mais curto de 90 dias, com supervisão dos órgãos de vigilância;
- flexibilização dos preços e do câmbio após os 90 dias;
- criação da URP (Unidade de Referências de Preços) para reajuste salarial após o congelamento, calculada como a média trimestral do IPC;
- reajustes de tarifas públicas e impostos;
- eliminação de alguns subsídios, como para a produção do trigo e ao crédito agrícola;
- imposição das taxas de juros acima dos níveis de inflação.
Da mesma forma que o Cruzado, este plano econômico previa um congelamento de preços, porém em um período mais reduzido. A URP serviria como indexador para o reajuste dos preços com a flexibilização.
Resultados do Plano Bresser
O Plano Bresser conseguiu reduzir a inflação por apenas poucos meses. No início daquele ano, a inflação ao mês se encontrava em dois dígitos e foi assim até antes do Plano.
Durante o primeiro semestre de 1987, antes do Plano Bresser, a inflação acumulada foi de 186,07%. No segundo semestre em que esteve em prática o acumulado foi de 62,88%.
A inflação anual foi de 365,96%, maior valor registrado até então, sendo que no mês de dezembro voltou aos dois dígitos ao atingir os 14% no mês. Estes valores podem ser conferidos na tabela abaixo:
Meses | Valor do período |
---|---|
Janeiro | 16,82% |
Fevereiro | 6,94% |
Março | 21,89% |
Abril | 20,96% |
Maio | 23,21% |
Junho | 26,06% |
Julho | 3,05% |
Agosto | 6,36% |
Setembro | 5,68% |
Outubro | 9,18% |
Novembro | 12,84% |
Dezembro | 14,14% |
Acumulado do ano | 365,96% |
O ministro Bresser-Pereira pede demissão no final deste mesmo ano, sendo substituído por Maílson da Nóbrega que veio a realizar o próximo plano econômico: Plano Verão.
Plano Verão
O Plano Verão ficou assim conhecido quando entrou em prática em 15 de janeiro de 1989, cerca de um ano e meio após o Plano Bresser.
Comandado pelo ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, foi um plano econômico para um período mais curto onde foi extinta a URP da medida anterior e houve um novo congelamento de preços.
Neste plano houve uma reforma monetária que trocou o Cruzado para o Cruzado Novo, cortando três zeros da moeda antiga.
Da mesma forma que o Plano Bresser, este gerou problemas com a atribuição de rendimentos para a caderneta de poupança, além de controlar a inflação por um período muito curto.
Naquele mesmo ano, o Brasil passou a sofrer com a hiperinflação quando atingiu o acumulado de 1.764,87%.
Posteriormente, com o fim do governo Sarney e a entrada do presidente Fernando Collor de Melo, outros dois planos foram colocados em prática e ficaram conhecidos como Plano Collor.
A hiperinflação no Brasil só foi controlada em 1994 com o chamado Plano Real.