Como calcular a Depreciação? Veja 4 métodos que podem ser usados
A depreciação é calculada sobre o valor de um ativo imobilizado da empresa, representando o seu uso e desgaste no período contábil.
Para ser efetuado o seu cálculo, será preciso conhecer o valor contábil do bem tangível e seu tempo de vida útil. Em alternativa poderá ser conhecida a taxa de depreciação correspondente.
Outro ponto importante tem a ver com o método de depreciação definido. Conforme o método selecionado, os valores depreciados e acumulados no tempo serão diferentes. Estes métodos serão diferentes conforme a quota de depreciação num dado período contábil.
Na contabilidade existem vários métodos de cálculo. Entre os mais conhecidos estão o Método Linear ou da Linha Reta, Soma dos Dígitos e do Saldo Decrescente.
1. Método das Quotas Constantes
O método de quotas constantes ou lineares é também conhecido como método da linha reta. De uma forma simples, o cálculo dessa depreciação é feito ao mesmo valor ou proporção em cada período contábil.
Para calcular a depreciação por esse método basta conhecer a taxa de depreciação e aplicar sobre o valor contábil do ativo. Uma fórmula de cálculo é como a que aparece abaixo:
- Depreciação a quotas constantes = (Valor contábil - Valor residual) ÷ Vida útil
Do resultado o que se obtém é a quota a contabilizar em cada período. Em alternativa, também será possível multiplicar o numerador da fórmula pela taxa de depreciação.
Exemplo 1
Vamos considerar um exemplo em que uma empresa adquire uma máquina por R$ 100 mil. No final de sua vida útil a empresa considera um valor residual de R$ 10 mil.
No cálculo de depreciação de máquinas e equipamentos, é comum adotar a regra da Receita Federal em que a vida útil será de 10 anos. O mesmo é dizer que possui uma taxa de depreciação de 10% ao ano.
No método das quotas constantes, a cada ano essa máquina sofrerá uma depreciação igual a:
- Depreciação a quotas constantes: (100.000,00 - 10.000,00) / 10 = 9.000,00
Se a empresa deseja conhecer o valor mensal da depreciação, basta não utilizar o tempo de vida útil em anos, mas sim em meses. Veja que 10 anos é o mesmo que 120 meses, por isso a depreciação mensal será:
- Depreciação linear mensal: (100.000,00 - 10.000,00) / 120 = 750,00
Sendo que em cada ano a depreciação será a mesma, no segundo ano a depreciação acumulada será de $18.000,00. No terceiro ano estará em R$ 27.000,00, e assim sucessivamente até chegar ao último ano com uma depreciação acumulada de $90.000,00.
Perceba que no 10º ano a máquina estará com um valor contábil igual ao seu valor residual. Isso acontece porque o valor registrado deste ativo imobilizado continua sendo de R$ 100 mil, mas estará “reduzido” por outra conta do ativo responsável pelo registro das depreciações acumuladas. Por isso de ela ser conhecida como uma conta redutora do ativo imobilizado a que corresponde.
2. Método da Soma dos Dígitos dos Anos
O cálculo por esse método também utiliza quotas, mas desta vez elas são decrescentes. Para isso ele se divide em dois passos:
- Somar os algarismos que compõem o número de anos de vida útil do bem. No exemplo anterior: 1+2+3+4+5+6+7+8+9+10=55
- A quota de depreciação será maior no primeiro ano e menor no último período. Cada quota é calculada como o número de anos restantes de vida útil sobre a soma dos dígitos obtida anteriormente, como na fórmula:
- Depreciação pela soma dos dígitos dos anos: [Anos restantes x (Valor contábil - Valor residual)] ÷ Soma de anos de vida útil
Repare que a quota de depreciação dependerá do ano ou período que vamos calcular. No primeiro ano ainda restará a vida útil toda para o cálculo, enquanto na última faltará apenas o último ano da quota.
A ideia por trás deste método é que no início da vida útil o ativo necessita de menores custos de manutenção e reparos. Já mais perto do final, uma quota de depreciação menor permite contrabalancear com os custos de manutenção mais elevados.
Exemplo 2
Continuando com o exemplo anterior, foi visto que a soma de 10 anos de vida útil é igual a 55. Este será o denominador de nossa fórmula. Após isso, vamos considerar a quota de depreciação para cada ano de forma que a menor será a última.
Ano | Forma de Cálculo | Depreciação Anual | Saldo Contábil |
---|---|---|---|
1 | (10 x 90.000,00) ÷ 55 | R$ 16.363,63 | R$ 83.636,36 |
2 | (9 x 90.000,00) ÷ 55 | R$ 14.727,27 | R$ 68.909,09 |
3 | (8 x 90.000,00) ÷ 55 | R$ 13.090,91 | R$ 55.818,18 |
4 | (7 x 90.000,00) ÷ 55 | R$ 11.454,55 | R$ 44.363,64 |
5 | (6 x 90.000,00) ÷ 55 | R$ 9.818,18 | R$ 34.545,45 |
6 | (5 x 90.000,00) ÷ 55 | R$ 8.181,82 | R$ 26.363,64 |
7 | (4 x 90.000,00) ÷ 55 | R$ 6.545,45 | R$ 19.818,18 |
8 | (3 x 90.000,00) ÷ 55 | R$ 4.909,09 | R$ 14.909,09 |
9 | (2 x 90.000,00) ÷ 55 | R$ 3.272,73 | R$ 11.636,36 |
10 | (1 x 90.000,00) ÷ 55 | R$ 1.636,36 | R$ 10.000,00 |
Ao final o valor residual será o mesmo, com a diferença de que em cada ano a empresa contabilizou a depreciação a quotas cada vez menores.
3. Método de Unidades Produzidas ou Horas Trabalhadas
O método de unidades produzidas baseia-se em uma estimativa da quantidade de produção total pelo ativo imobilizado até o final de sua vida útil.
O cálculo consiste em encontrar a proporção utilizada naquele período contábil, a sua quota de depreciação. Veja a fórmula como exemplo:
- Quota de depreciação = Unidades produzidas no período / Total de unidades de produção esperada em toda vida útil
O resultado encontrado será, simplesmente, a taxa de depreciação própria daquele ano.
A mesma forma de cálculo é adotada se considerado horas de trabalho, por exemplo as horas de voo de uma aeronave - no período e esperada em toda a sua vida útil.
Exemplo 3
Para uma máquina adquirida se espera uma produção estimada de 9 milhões de unidades. Em certo período foram produzidas 990 mil unidades. Neste caso, a quota de depreciação neste ano será de:
- Quota de depreciação anual: 990.000 / 9.000.000 = 0,11 ou 11%
Com esse percentual encontrado, o próximo passo será o cálculo da depreciação do ativo “máquina” neste ano. Se ela tem um valor contábil de R$ 100 mil, menos um valor residual de R$ 10 mil, a depreciação naquele ano será de:
- Depreciação anual: (100.000,00 - 10.000,00) x 0,11 = 9.900,00
Assim como nos outros métodos, esse valor será somado ao montante das depreciações acumuladas.
4. Método do Saldo Decrescente
O método do saldo decrescente é calculado sobre o saldo restante do ativo no final do período contábil. Ele permite descontar maiores quantias em depreciação nos primeiros anos, representando uma maior economia em impostos sobre o lucro líquido.
Para efetuar o cálculo, a depreciação em cada ano contábil é aplicada sobre o saldo do ativo imobilizado no início do período.
Outro ponto importante é que nesta técnica é comum adotar o dobro da taxa de depreciação que seria utilizada em quotas constantes.
No último período, o saldo restante deve representar o valor residual do ativo. Se necessário o valor a depreciar será diferente, de forma a que sobre o valor residual apenas.
Exemplo 4
Foi visto no primeiro exemplo a compra de uma máquina no valor de R$ 100 mil e valor residual R$ 10 mil, ao final de 10 anos.
Em 10 anos a quota de depreciação constante seria de 10% ao ano. Para o saldo decrescente utilizamos uma taxa de depreciação de 20% até que o saldo final seja igual ao valor residual.
Ano | Forma de Cálculo | Depreciação Anual | Saldo Final |
---|---|---|---|
1 | 100.000,00 x 20% | 20.000,00 | 80.000,00 |
2 | 80.000,00 x 20% | 16.000,00 | 64.000,00 |
3 | 64.000,00 x 20% | 12.800,00 | 51.200,00 |
4 | 51.200,00 x 20% | 10.240,00 | 40.960,00 |
5 | 40.960,00 x 20% | 8.192,00 | 32.768,00 |
6 | 32.768,00 x 20% | 6.553,60 | 26.214,40 |
7 | 26.214,40 x 20% | 5.242,88 | 20.971,52 |
8 | 20.971,52 x 20% | 4.194,30 | 16,777,22 |
9 | 16,777,22 x 20% | 3.355,44 | 13.421,77 |
10 | 13.421,77 x 20% | 2.684,35 | 10.737,42 |
11 | 10.737,42 - 10.000,00 | 737,42 | 10.000,00 |
No último período, ainda existe uma "sobra" a contabilizar como depreciação e será este o valor considerado.
Como contabilizar a depreciação
Depois de saber como calcular e qual método utilizar, a depreciação segue para o registro e lançamento contábil.
Um primeiro passo é saber onde o ativo imobilizado está sendo utilizado. Isso definirá se o registro é um custo ou uma despesa. Se o ativo é empregado na produção, será um custo. Do contrário, uma despesa.
Segue ainda o registro na conta de Despesas Acumuladas. Esse valor fica registrado no Balanço Patrimonial, entre os Ativos, mas serve como uma conta redutora. Isso significa que o seu saldo registrado a crédito reduz o valor contábil do ativo imobilizado.
Naquele primeiro exemplo, o custo de depreciação anual de R$ 9.000,00 feito no quinto ano será lançado como:
Conta | Débito | Crédito |
---|---|---|
Custos de Depreciação | 9.000,00 | |
Depreciações Acumuladas | 9.000,00 |
Neste período, após o encerramento do ano contábil o Balanço terá o valor do Ativo (máquina) registrado nos seus R$100 mil, em contrapartida a um saldo da conta Despesas Acumuladas de R$ 45 mil.
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