Os trabalhadores com carteira assinada no Brasil são registrados com um salário nominal (bruto). Este valor passa por descontos antes de cair na conta no próximo mês.
Entre os descontos efetuados, a contribuição à Previdência Social e a recolha do imposto de renda retido na fonte são os obrigatórios e comum a todos. Pode também incluir outros que fazem parte da folha do trabalhador. O salário pago é o valor líquido destes descontos, subtraídos do valor bruto.
Para encontrar os valores a descontar, fazemos um cálculo que requer um passo a passo, já que a contribuição ao INSS deve ser o primeiro cálculo. Acompanhe os passos logo abaixo.
1. Desconto ao INSS no salário bruto
O salário bruto é o valor de referência para o cálculo. Além dele podem ser somados outros proventos que possam existir naquele mês. Este valor total é conhecido como salário de contribuição, formando a base de cálculo para o desconto ao INSS.
A contribuição à Previdência Social é feita de maneira progressiva, ou seja, quanto mais o trabalhador ganha, maior a proporção contribuída sobre o seu salário.
O cálculo é feito sobre o salário por cada faixa até atingir a quantidade a contribuir. Para isso, precisamos da tabela atual de contribuição ao INSS com as alíquotas:
Salário de contribuição (R$) | Alíquota (%) | Parcela a deduzir (R$) |
---|---|---|
Salário mínimo: 1.212,00 | 7,5% | - |
De 1.212,01 a 2.427,35 | 9% | 18,18 |
De 2.427,36 a 3.641,03 | 12% | 91,00 |
De 3.641,04 a 7.087,22 | 14% | 163,82 |
O primeiro passo para começar a calcular esta parte é identificar a faixa do salário de referência. É nela que se encontra a alíquota a ser calculada entre o valor do salário e o limite da faixa anterior. Para as faixas anteriores, o cálculo continua multiplicando o intervalo pela alíquota correspondente. No final, basta somar todos os valores encontrados.
Já se o salário de referência é superior ao teto do INSS, o último valor da quarta faixa, a contribuição é sempre a do teto máximo em R$ 828,39.
Para facilitar o cálculo também é possível medir o desconto diretamente pela parcela a deduzir. Basta multiplicar o valor de referência pela alíquota daquela faixa, e subtrair a parcela de dedução.
Exemplo
Como exemplo, consideramos um salário bruto mais horas extras num total de R$ 3.800,00. Este valor se encontra entre os valores da última faixa, sendo que o cálculo pode ser dividido em cada uma delas. Veja abaixo:
- 4ª faixa: [3.800,00 - 3.641,03] x 14% = 158,97 x 14% = 22,26
- 3ª faixa: [3.641,03 - 2.427,35] x 12% = 1.213,68 x 12% = 145,64
- 2ª faixa: [2.427,35 - 1.212,00] x 0,09 = 1.215,35 x 0,09 = 109,38
- 1ª faixa: 1.212,00 x 7,5% = 90,90
- Total (valor a contribuir): 22,26 + 145,64 + 109,38 + 90,90 = 368,18
Descontado o valor ao INSS, o valor que sobra passa a ser a base de cálculo do Imposto de Renda e o próximo passo para encontrar o salário líquido.
Com a contribuição à previdência de R$ 368,18 sabemos, agora, que a base de cálculo para o Imposto de Renda é de R$ 3.431,82.
2. Desconto do Imposto de Renda
O valor a ser descontado para o imposto de renda retido na fonte (IRRF) é conhecido após encontrada a contribuição que deve ser feita à Previdência Social.
O imposto de renda retido na fonte, que já é pago mês a mês sobre o salário, segue a tabela abaixo disponibilizada pela Receita Federal:
Base de cálculo (R$) | Alíquota (%) | Parcela a deduzir (R$) |
---|---|---|
Até 1.903,98 | 0% | 0,00 |
De 1.903,99 até 2.826,65 | 7,5% | 142,80 |
De 2.826,66 até 3.751,05 | 15% | 354,80 |
De 3.751,06 até 4.664,68 | 22,5% | 636,13 |
Acima de 4.664,69 | 27,5% | 869,36 |
Para o imposto de renda, basta identificar na tabela em qual faixa se enquadra o salário base após INSS. Depois disso, multiplicar a alíquota e subtrair o valor encontrado pela parcela dedutível.
Mas antes disso, a base de cálculo poderá ser reduzida se o trabalhador tiver dependentes. A dedução é de R$189,59 por cada dependente.
Exemplo sem dependente
Continuando o exemplo anterior, o salário base de R$ 3.431,82 se enquadra na terceira faixa. Este valor deve ser multiplicado pela alíquota e a parcela deduzida.
- Alíquota: 3.155,73 x 15% = 514,77
- Parcela a deduzir: 514,77 - 354,80 = 159,97
Com um desconto de R$ 159,97 o salário que sobra (líquido) é de R$ 3.271,85 após INSS e IRRF.
Exemplo com dois dependentes
O cálculo do mesmo salário do exemplo anterior passa a ter um passo inicial se o trabalhador tiver dependentes.
O valor reduzido passa a ser a nova base cálculo para o imposto de renda retido na fonte. Veja como fica:
- Dedução para 2 dependentes: 3.431,82 - 2 x 189,59 = 3.052,64
- Alíquota: 3.052,64 x 15% = 457,90
- Parcela a deduzir: 457,90 - 354,80 = 103,10
Neste caso, o valor do salário após o desconto de R$ 103,10 em imposto de renda deve ficar em R$ 3.328,72.
3. Subtrair outros descontos
Alguns descontos fazem parte daquilo que foi acordado com o trabalhador e pode ser conferido no próprio holerite ou com o setor de Recursos Humanos da empresa. Alguns dos mais comuns são:
- Plano de saúde;
- Vale-transporte;
- Empréstimos;
- Contribuição sindical.
Se existir desconto de vale-transporte, por exemplo, este valor pode ser de até 6% sobre o salário bruto.
Para um salário de R$ 3.800,00 por exemplo, o desconto seria de R$ 228,00. A partir deste valor, se o custo com transporte for maior deve ficar a cargo da empresa.
4. Calcular o salário líquido
Como já foi dito anteriormente, o cálculo do salário líquido é feito a partir da subtração dos descontos no salário bruto acordado.
Do primeiro exemplo, vemos que os descontos e o salário líquido seriam de:
- INSS: R$ 368,18
- IRRF: R$ 159,97
- Vale-transporte: R$ 228,00
- Total em descontos: R$ 756,15
- Salário líquido: R$ 3.800,00 - R$ 756,15 = R$ 3.043,85
Já no segundo exemplo, o desconto ao IRRF é menor já que ter dois dependentes exige um menor desconto em imposto de renda:
- INSS: R$ 368,18
- IRRF: R$ 103,10
- Vale-transporte: R$ 228,00
- Total em descontos: R$ 699,28
- Salário líquido: R$ 3.800,00 - R$ 699,28 = R$ 3.100,72
Entenda melhor como calcular o desconto ao INSS passo a passo
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